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O Mundo de Ponta-Cabeça, de Christopher Hill

HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640. Tradução, apresentação e notas Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. Publicada primeiramente no ano de 1972 na Inglaterra, a obra O Mundo de Ponta-Cabeça ( The World Turned Upside Down ) foi escrita por Chistopher Hill a partir de percepções do autor dotadas de preceitos marxistas e da nouvelle histoire. John Edward Christopher Hill nasceu em 1912 no condado de Yorkshire na Inglaterra. Afeiçoado ao socialismo, ele viveu por pouco tempo na União Soviética durante o ano de 1935 onde pesquisou sobre a vida cotidiana. Foi membro do Partido Comunista Inglês, juntamente com Edward P. Thompson e Eric Hobsbawn com quem tinham desde 1940 um grupo de outros historiadores filiados ao Partido, muito por conta do periódico de Hill sobre a Revolução de 1640. Contudo, mediante divergências sobre as manobras políticas e militares da União Soviética, ele se desliga do Partido em 19
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O poder e o discurso: análise de "A Ordem do Discurso" de Michel Foucault

  FOUCAULT, Michel . A ordem do discurso :  aula inaugural do Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970 . São Paulo: Loyola, 2014.   As reconstruções de dizeres: sob o ombro de gigantes   Muitas foram as contribuições de teóricos, cientistas, filósofos e estudiosos da humanidade ao longo do tempo. E muitos se destacaram, enquanto outros foram esquecidos e silenciados durante um longo período e só então resgatados muito depois; às vezes, esquecidos pela perda de seus escritos, outras vezes, propositalmente, pela sociedade. Mikhail Bakhtin, Nietzsche, Albert Einstein, Newton, Stephen Hawking, Carl Sagan, Hannah Arendt, Hipátia, Marie Curie, Freud, Ferdinand de Saussure, Émile Benveniste, Michel Pêcheux, entre tantos outros. Os últimos relacionados a Análise do discurso, como também Michel Foucault, autor de A ordem do discurso (1970) . Utilizando as palavras de Newton, todos olharam o mundo a partir dos ombros de outro, se é permitida essa analogia, Foucault foi também

Miniconto ''Quem sou eu?"

Quem sou eu?  A grande pergunta, o grande questionamento. "Quem sou?" Perguntei devaneante. "Sabe-lá", respondeu meu amigo enquanto a fumaça de seu cigarro subia em névoa espiralada pelo céu. "E quem saberá, então?" Perguntei rindo e afastando a fumaça que se aproximava de mim. Era costume dele fumar nas longas noites solitárias ao meu lado ou sozinho, mas ele não tinha o hábito. Não era viciado, dizia. Depois de outra baforada, um sorrisinho surgiu em seu semblante. "Somos e estamos. Nada é limitado". Voltando o olhar para mim, dividi o silêncio ao seu lado, enquanto olhávamos as estrelas da madrugada. Não precisávamos de mais palavras. As luzes da cidade não nos alcançavam. Éramos sombras disformes naquele horário. Naquelas horas incertas éramos pensantes, perdidos... Para que limitações, afinal? Tudo é e não é, como já diria Riobaldo .  (Fotografia de Thalya Amancio, 2021 )

E agora, Drummond?

Pintura de Carlos Drummond de Andrade feita Gerson Vieira O que há de novo? Já olhou o melhor de hoje? A festa acabou O vinho escorreu A bateria acabou E agora, meu caro?   Não Não seria José Seria Maria Bem cacheada Bem lisa Gorda, fina Elas, eles Sendo quem pensam ser Vomitando um pouco de pixels Um pouco de energia Um pouco de nada E agora, minha cara?   O app travou A tela trincou Ele não respondeu Só visualizou Só pagou presença A mesma que te deixou raivoso A mesma que te deixa triste E agora, meus caros? E agora, você!   A vontade é a mesma A cabeça ainda é baixa O real ainda assusta E o pixel forma o melhor mundo E agora, minhas caras? E agora você! O abraço é mente O gosto é travoso A festa acabou O vinho escorreu E nada Nada aconteceu...

Crônica: Strange days, dias estranhos

  (Fotografia de Thalya Amancio, 2019). Strange days. Dias estranhos.   " Morning, keep the streets empty for me ", ouço ecoar ao meu ouvido, como um sussurro de boa noite. Enquanto meio mundo dorme, minha mente está tumultuada pela minha presença. E essa é a hora em que mais refletimos sobre o Universo e tudo mais. E é aí que me lembro de um dia... Em uma aula do ensino médio, enquanto participávamos de uma dinâmica, um dos garotos mais calados - se não o mais calado - foi convidado a entregar uma caixa. Essa era a dinâmica em que cada participante escolhia quem era mais inteligente, quem era mais comunicativo, simpático e por aí vai, seguindo as instruções do professor, claro. Depois de muito rodar naquela brincadeira, a professora, no caso, pediu que ele entregasse a caixa à pessoa mais criativa naquela sala. Para minha surpresa, ele olhou a sala cuidadosamente e como a timidez e a introspecção o deixava mais livre a observar melhor cada pessoa na sala, ele entregou

Encontro com o Outro simbolizado na Barata: resenha de A Paixão Segundo G.H de Clarice Lispector

(Fotografia de capa da versão em ebook para o Projeto Mediando Encontros de Thalya Amancio, 2021). Para leituras complexas, vindas de escritoras e escritores que realizam a quebra de barreiras, de tradições literárias, quebras de espaços, contextos, narradores e personagens é uma boa ideia começar por textos mais curtos dessas e desses. Contos, ensaios, crônicas são portas de entrada para suas temáticas.                         ( Esse método é muito recomendado para que nos adaptemos com a linguagem, a escrita e a estética de determinadas autoras e determinados autores) E para o caso desse romance aqui resenhado, não é diferente. Entramos em uma crise existencial e no desmanchamento das estruturas da personagem G.H, uma mulher que pensava ter sua vida toda organizada e sedimentada. Contudo, depois de seu encontro com a barata no quarto de sua ex empregada, Janair, G.H entra no deserto e na despersonificação de si mesma. A personagem entra em si mesma, encontrando também suas e seus an

A Rainha do Ignoto (1899) de Emília Freitas: Redescobrindo Uma Obra Esquecida da Literatura Brasileira.

  Lançado no ano de 1899 em uma tipografia fortalezense, o romance A Rainha do Ignoto trazia em seu enredo temas e personagens não muito comuns para a tradição literária da época. Para compreendermos o complexo processo de “memoricídio” pelo qual essa obra passou, retrocederemos até a metade do século XIX para conhecer um pouco de sua autora. Emília Freitas era cearense, nascida em 1855, na região de Jaguaruana, mas na época pertencente a Aracati. Desde a infância, Emília entrou em contato com livros e rodas de conversa em sua casa, que a aproximavam do mundo intelectual. Com a morte do pai aos quatorze anos de idade, sua família acabou tendo que se mudar para a capital, Fortaleza, afim de recomeçar uma nova vida diante das dificuldades financeiras e o baque emocional do luto. É na capital cearense que Emília se forma no Curso Normal, voltado a formação de professoras primárias da época, como também se dedicou aos estudos da Língua Inglesa e Francesa. Além de ficcionista, Emília se des