Publicada primeiramente no ano de 1972 na Inglaterra, a obra O Mundo de Ponta-Cabeça (The World Turned Upside Down) foi escrita por Chistopher Hill a partir de percepções do autor dotadas de preceitos marxistas e da nouvelle histoire.
John Edward Christopher Hill nasceu
em 1912 no condado de Yorkshire na Inglaterra. Afeiçoado ao socialismo, ele
viveu por pouco tempo na União Soviética durante o ano de 1935 onde pesquisou
sobre a vida cotidiana. Foi membro do Partido Comunista Inglês, juntamente com
Edward P. Thompson e Eric Hobsbawn com quem tinham desde 1940 um grupo de
outros historiadores filiados ao Partido, muito por conta do periódico de Hill
sobre a Revolução de 1640. Contudo, mediante divergências sobre as manobras
políticas e militares da União Soviética, ele se desliga do Partido em 1956,
não se tornando, por isso, um anticomunista.
Em 1936, após sua formação na St Peter School, York e na Balliol
College, torna-se professor na University College of South Wales and Monmouthshire. Trabalhou no Serviço de
Inteligência Inglesa durante a II Guerra Mundial, voltando à Academia em 1945.
Hill é famoso por suas obras sobre o
século XVII, do qual é especialista, tratando de temas voltados,
principalmente, sobre a Revolução Inglesa. Dentre seus principais livros estão:
A
Revolução Inglesa de 1640 (1940), Lênin e
a Revolução Russa (1947), O
mundo de ponta-cabeça (1972), Origens intelectuais da Revolução Inglesa (1965),
dentre outros.
O Mundo de Ponta-Cabeça aborda sobre
grupos chamados pelo autor de radicais, que fizeram parte do processo
revolucionário que ocorreu na Inglaterra. Como recorte temporal, Hill perpetua
sua escrita de 1640 até meandros de 1660, fazendo extensões ou recuos nesse
recorte para explicações mais pontuais. A Revolução Inglesa, como assim ficou
conhecida o que também se costuma chamar de Primeira Grande Revolução Burguesa ou Revolução Puritana, teve diversos grupos de interesses, ora convergentes, ora
divergentes, que disputavam entre si por uma hegemonia que mesclava valores
clericais e questões políticas.
Nesse sentido, o panorama social
entra em evidência para se pensar o que ocorreu na Inglaterra no período.
Sucessor de Elizabeth I, Jaime Stuart se viu em uma grave crise econômica que
esvaziara os cofres da Coroa, adotando por isso, políticas de gastos que se
tornaram impopulares no período. Seu filho, Carlos I tentou uma reorganização
na política de impostos, o qual não se poderia fazer sem o consentimento do
Parlamento organizado entre a Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes. A Câmara
dos Comuns era formada, principalmente, por proprietários de terras, que haviam
ascendido economicamente por conta da reconfiguração do trabalho rural com os
cercamentos e arrendamentos de terras, como aponta Ellen Wood. Esses
proprietários, em grande parte, haviam assumido uma postura religiosa voltada
para o puritanismo. A Câmara dos Lordes era formada por nobres e tinham ligação
com a Igreja Nacional e o catolicismo, não gerando fontes econômicas para o
reino, mas sendo sustentados pelos impostos dele. As divergências ocasionadas
pelas medidas que tentaram suprimir as forças burguesas dos proprietários de
terras causaram uma tremenda crise política que culminou com o fechamento do
Parlamento. A força da Coroa em manter os privilégios dos nobres acarretou uma
crise de interesses entre a ascendente classe gentry, como assim foi
chamada grande parte dos proprietários e remanescentes de uma nova visão
socioeconômica do mundo, sendo verdadeiros embriões dos futuros capitalistas
industriais; e a ainda classe de membross feudais da nobreza.
A situação afunilou para uma guerra
civil de nobres e a Coroa contra os puritanos encabeçados por Oliver Cronwell.
A guerra civil ocorrida entre 1640 e 1649 fez vir à tona diversos grupos que
possuíam objetivos distintos. Os levellers, ou niveladores, queriam uma
igualdade de direitos entre os cidadãos enquanto que os diggers, ou
escavadores, pretendiam uma reforma agrária. Esses grupos de cunho mais
radical irão se destacar no cenário revolucionário inglês, mas outros grupos
também despontaram em menor escala.
Mesmo após o fim do governo
republicano de Oliver Cronwell, sua ditadura e queda, a retomada dos Stuart com
a culminância da Revolução Gloriosa em 1688 que consolidou a Monarquia
Parlamentarista, muitos desses grupos ainda permitiram uma concepção nova de organização
social, mesmo que eles tenham sido suprimidos posteriormente na década de 1660.
É justamente sobre esse pensamento acerca dos grupos radicais na Revolução
Inglesa, que Christopher Hill assume em sua obra.
The World Turned Upside Down foi
publicado no Brasil pela primeira vez em 1987 pela Companhia das Letras com
tradução e apresentação de Renato Janine Ribeiro sob o título de “O Mundo de
Ponta-Cabeça”.
Quando foi publicado, Hill já era
reconhecido por seus trabalhos anteriores sobre a Revolução de 1640, mas neste
trabalho, nosso historiador priorizou uma nova perspectiva para contar sobre o
processo revolucionário. Atendo-se as perceptivas do marxismo cultural que
Edward Thompson, seu amigo, havia constituído em sua obra A formação da
classe operária inglesa e Costumes em comum, Christopher Hill
escreve o que chamamos de uma história vista de baixo, levando em
consideração uma perspectiva das grandes massas e não apenas de grandes
líderes. Hill escreveu sobre a Revolução Inglesa sob perspectivas econômica,
social e cultural, diferindo-se de outros estudiosos do período, como Lawrence
Stone que possuía uma veia mais política sobre o assunto.
O autor teve como inspiração inicial
para seu trabalho os acontecimentos concernentes à China comunista. A Revolução
Cultural Chinesa que ocorreu em 1966 chamou a atenção de muitos adeptos às
ideias marxistas, pois o movimento teve efetiva participação do proletariado e
teve como grande objetivo acabar com toda a opressão do trabalho manual dos
trabalhadores, o que na prática tornou-se uma falácia. As mudanças concernentes as formas de trabalho e do mundo
intelectual chinês fascinou os marxistas ávidos por ideias de mudança em tempos
de Guerra Fria.
Hill teve seu livro recepcionado na
década de 1970 como um dos grandes expoentes de uma história das classes
populares, sendo comparado posteriormente a Bertold Brecht com Perguntas a
um trabalhador que lê. Mesmo influenciando grandes historiadores como Conrad
Russell e John Morril tendo este último dito que “se podemos ter certeza que o
século XVII mudou a Inglaterra e os ingleses mais do que qualquer outro, devemos esse reconhecimento a ele [Hill] mais do que qualquer
outro estudioso.”; não foram poupadas críticas a Hill por parte do estudioso
Blair Warden, historiador americano especialista nos estudos sobre a Inglaterra
que afirmou que muitos historiadores das décadas de 1950 e 1960 usaram os
estudos do século XVII acerca de movimentos sociais e radicalismo como uma
verdadeira arma na Guerra Fria. Apesar disso, Warden não descartava as grandes
contribuições de Hill à historiografia do período. Jack Hexter, especialista em
História Inglesa e PhD na Universidade de Harvard, criticou os processos
metodológicos usados por Hill, afirmando que a teoria marxista fazia muitos
estudiosos caírem em generalizações perigosas. Mais recentemente, o historiador
Cleverson Ribeiro Soares em sua monografia “Tremam
diante de Deus”: uma análise da obra: “O Mundo de Ponta-Cabeça” de Christopher
Hill (2005) analisa o processo de desenvolvimento e abordagem da obra,
afirmando que “Hill se propôs a analisar os radicais partindo da cultura não
hegemônica, porém, ele em sua metodologia se contradisse pelo fato de que ao
interpretar os grupos partiu do pressuposto dos grandes nomes como: Winstanley,
Bunyan, Reeve, Muggleton, George Fox, A. Coppe, Milton, Clarkson e Samuel
Fisher. Todos estes nomes, possuíram uma posição privilegiada na sociedade
inglesa para o período.”
Nesse sentido, cabe analisarmos o que
Christopher Hill usou como mote de sua pesquisa em matéria de metodologia de
trabalho. O historiador faz uso de diversos documentos do período, fazendo um
apanhado de livros e discursos espalhados em panfletos, sustentando a ideia de
uma literatura quase marginal – a panfletagem – que disseminava ideias radicais
e refletia diversos pontos de vista sobre a religião e os trâmites políticos da
época.
O livro é dividido em 18 capítulos
com a adesão de dois apêndices. No capítulo introdutório, Hill esclarece seu
objeto de pesquisa – os radicais, analisados a partir de periódicos e panfletos
– ao mesmo tempo que objetivava mostrar um olhar da história voltado para as classes
que escondiam-se em clareiras, florestas e becos de Londres.
O capítulo 2, intitulado “O
Pergaminho e o Fogo” analisou a obra de John Barclay, em seu
livro “Icon Animorum”, afirmando que
muitas tensões plebeias refletiam-se bem antes do processo revolucionário
inglês concepções anticlericais, algo que é explanado na obra em questão,
abordando sobre o familismo como contrárias à Igreja.
O capítulo 3 de nome “Homens sem
Senhor”, o autor discorre sobre diversos sujeitos que não são ligados, nem
mesmo no período medieval, à imagem de um Senhor sob a égide da servidão. Em
tempos modernos, como os são da Revolução Inglesa, muitos homens faziam
práticas consideradas subversivas, como relacionamentos abertos e a falta de
tributos à Igreja, morando em regiões remotas do Reino, como florestas ou nos
becos das cidades, tensionando uma resistência velada ao governo.
O capítulo 4, “Agitadores e oficiais”, Hill fez uso do periódico de William Segdwick “A Second View of the army Remonstrace”, e mostra o lugar social de muitos integrantes do Exército do Novo Tipo, evidenciando resistência até mesmo dentro do próprio exército.
O capítulo 5, “O Norte e o Oeste”, Hill usou o discurso de Lord Brooke “A discourse opening the Nature of that Episcopacie which is exercised in England”, mostrando que havia não só uma guerra ideológica, bem como geográfica. As regiões do Norte e Oeste da Inglaterra eram antros de atraso econômico, onde ocorreram também, grandes sublevações, se comparados ao Sul e Leste, mantenedoras de uma economia mais fluída e robusta.
No capítulo 6, “Uma nação de profetas”, Hill utilizou como fonte os panfletos de Arise Evans “The Bloudy Vision of John Farley”, que evidenciavam um histórico de videntes bem mais antigo do que se comparado a contemporaneidade da época. A crença em astrólogos e adivinhas era muito presente na Inglaterra e também tornou-se foco de resistência. Fazendo uso de outros panfletos, Hill explica que muitos deles vendiam e se popularizam mais do que a própria Bíblia, tornando-se frequente um discurso depreciativo à monarquia e altivo em relação as práticas de magia em detrimentos da religião do Estado.
O capítulo 7, “Levellers e Levellers Autênticos”, Hill analisou a diferença entre um leveller e um leveller autêntico, também conhecido como um digger. Para definição de leveller autêntico, Hill fez uso do panfleto “The True Levellers Standard Advanced”. Neste capítulo, entra em cena um dos panfletos que mais serão usados por Hill, “The Law Of Freedom”, escrito por Winstanley, um digger, que assim como outros grupos radicais, criticou as posturas clericais e o regime monárquico autoritário.
Já no capítulo 8, “O Pecado e o Inferno”, nosso historiador procurou analisar as ideias acerca sobre a subversão a partir das posturas, crenças e temores sobre um lugar para além da vida a partir da postura das pessoas nesse mundo. O inferno, como foi analisado, era encarado por muitos radicais como a própria Terra mediante o sofrimento de muitas pessoas com a pobreza, ressignificando todas as concepções sobre céu e inferno, trazendo para o plano terreno o sofrimento e as atitudes que se deviam assumir na vida de cada um. Assim, muito do que se esperava colher apenas após morte, se deveria encarar como possível ainda em vida, sem temer um terrível castigo posterior.
O capítulo 9, “Seekers e Ranters”, Hill analisou os ranters definido por ele como um seita e os seekers como foram homens que rejeitaram todas as seitas e qualquer forma organizada de culto, se tornando assim, radicais que não se aliavam a grupo algum ou que transitavam por diversos deles.
No capítulo 10, “Ranters e Quacres”, Hill analisou o periódico de George Fox “Journal, I”, para descrever os quacres. Hill alertou sobre o risco de distorções no periódico, pelo fato de que o próprio Fox escrever e por isso, uma visão unilateral do movimento radical quacre poderia ser encarado. Por isso, ele também faz uso de periódicos de James Nayler, que lutava por causas populares e poderia fazer uma leitura complementar ou em contraponto a Fox.
O capítulo 11, “Samuel Fisher e a Bíblia”, Hill analisou a fonte de Samuel Fisher, pastor presbiteriano, que escreveu “Christianismus Redivivus, Christendom Both unchrist’ned and new christ’ned”. Fisher constrói todo um aparato analítico teológico para construir ressiginificações à Bíblia, semelhante ao que havia sido reportado por Hill sobre o inferno, elementos que por questões discursivas de temáticas, estavam ligados.
No capítulo 12 “John Warr e o Direito”, Hill analisou as fontes de John Warr. Seus periódicos “The Corruption and Deficiency of the Laws of England” e “Administrations Civil and Spiritual”, ajudaram Hill a interpretar como os grupos reagiram com a questão das leis no período. Nessa época, as ideias acerca do Direito estavam sendo sublevadas por questões que envolviam a autonomia do indivíduo. Essas concepções traziam à tona, posicionamentos que envolviam a ideia de que um sujeito não necessitava mais de um advogado submisso às leis governamentais, sendo essas contra o povo e a liberdade, enaltecendo portanto a figura do próprio sujeito como imagem de defesa de si mesmo. Era um radicalismo voltado para a figura de cada um como independente das leis autoritárias da Monarquia.
O capítulo 13, “A Ilha da Grã-Loucura”, as ideias sobre insanidade mental, em muitos casos também estavam ligadas à sublevações, sendo o radicalismo conectado com ideias subversivas para o período associadas a comportamentos estranhos, advindos, principalmente, de classes mais populares e que usavam o artifício da loucura como modo de subverter o sistema e assumir uma postura de contestação diante da realidade, algo que muitos estudiosos analisaram da mesma maneira em outras temporalidades, como o caso das bruxas de Salem, no Estados Unidos.
No capítulo 14 “Pregadores Mecânicos e Filosofia Mecanicista”, questões acerca das visões de mundo dos sujeitos são discorridas a partir da análise de periódicos já utilizados, como o de George Fox. A filosofia mecanicista da repetição, ainda remontada de tempos medievais, estava sendo contestada a partir de preceitos, ditos por Hill como “dialéticos”, que encontravam uma visão educacional para além da repetição e acessível a homens e mulheres, segundo defendiam alguns.
O capítulo 15, intitulado “Beijos vis e Sem Vergonha”, o autor trabalha com ideias acerca do matrimônio e relacionamentos abertos, defendidos por muitos. Chega a reportar os escândalos de homens e mulheres que se despiram em reuniões e cerimônias religiosas e o papel social masculino e feminino nessas relações privadas que refletiam um subversão de costumes no cotidiano das pessoas.
No capítulo 16, “A Vida Contra a Morte”, Hill analisa a influência do protestantismo nas novas concepções acerca da vida, principalmente das questões envolvendo o puritanismo dos gentry. Tais concepções discorrem sobre a ideia de que o tempo é dinheiro e que ócio de muitos grupos radicais eram encarados como abomináveis em relação a nova compreensão de trabalho que surgia na Inglaterra durante a Revolução de 1640, o que o aproxima dos escritos de Max Weber.
O capítulo 17, de nome “O Mundo restaurado”, mostra como os grupos radicais foram recepcionados pelo novo governo. Muito do que se viu posterior aos anos 1660, com a retomada da monarquia, foi o sufocamento de inúmeros desses grupos radicais que tiveram por lei até mesmo de serem proibidos de fazerem petições contestatórias.
Finalizando, Hill chega as suas conclusões em seu 18ª capítulo, concluindo que a onda de mudança teria vindo para muito além da guerra civil inglesa e que a “energia” de mudança dissipada havia contribuído para a grande aura de contestação da Revolução Inglesa. Os panfletos haviam significado uma forma de resistência à imprensa da época e uma literatura marginal em relação ao que era “oficialmente” distribuído.
O autor ainda traz dois apêndices, sendo eles: “Hobbes e Winstanley: Razão e Política” e “Milton e Bunyan: diálogo com os Radicais”, tendo o primeiro o objetivo de diferenciar questões envolvendo as ideias de mudança de Winstanley pautadas numa filosofia ligada à Bíblia e Hobbes discorrendo sobre o estado máximo de autoridade; e o segundo argumentando sobre as ideias radicais que não são comuns a todos os grupos e que diferenciavam-se entre si, como exemplificado pelos dois autores selecionados por ele.
A narrativa de Hill sempre levada pelo teor da sublevação e do espírito de mudança é característica de um polifonia
de argumentos apresentados pelo autor como concomitante a sua ideia de
modificação social a partir da disseminação de ideias. Muitas comparações são
feitas pelo autor com tempos contemporâneos a ele, chegando a relacionar diversos episódios com os ocorridos por movimentos comunistas e na União
Soviética. A palavra comunismo é usada com extremo cuidado para que o leitor
perceba que, por mais marxista que possa soar a luta de classes lida a
contrapelo nas frases de Hill, já que o foco do autor não se demonstra tanto em
embates, mas nas vivências desses grupos, se mostra importante para percebermos
as concepções do coletivo e imaginário que compõem a ideia de Hill, que nos
parece, nesse sentido, influenciado pelas mentalités
da nouvelle histoire francesa
assemelhando-se a Marc Bloch, Lucien Febvre e até mesmo a micro-história de
Ginzburg, mas principalmente a partir da clássica empiria inglesa, com a
leitura e análise detalhada de documentos, como assim fez Thompson na
construção de sua percepção historiográfica.
Chistopher Hill se mostra um autor concernente ao seu tempo, atento as mudanças e emergências sociais que lhe cabem sua visão de mundo pautada numa percepção de maior igualdade e discussão entre os sujeitos para a supressão da autoridade e do parasitismo do capital internacional que ele encarava em meandros da década de 1970.
O neoliberalismo que disseminava-se na
época, ainda que de forma tímida e que chegaria ao ápice na década seguinte já
demonstrava-se uma globalização do capital e uma expansão cada vez mais profunda
e penetrada contra o que era pregado nas palavras de Hill. O historiador
constrói em sua obra um diálogo com temporalidades distintas, mas que se
coadunam pelo espírito de mudança que concerne a ambas, a verdadeira vontade
dos radicais de fazer o mundo ficar turned
upside down.
Em suas linhas finais, Hill discorre sobre a ideia de algo estar “de ponta-cabeça.” Para ele, esse é um conceito relativo que demanda do leitor sua própria percepção acerca do que acredita estar na esfera da teoria e na esfera da ação. Para Hill, não só os radicais tinham a percepção e se esforçavam ao movimentar o mundo de ponta-cabeça, mas também a própria escrita do autor se mostra subversiva ao inverter posições. A própria tentativa de Hill de compor uma história das classes populares demanda uma percepção de ponta-cabeça.
Pensamentos assim devem se fazer
presente ao se construir uma pesquisa em História Social, refletindo o seu próprio
lugar no mundo, assim como Hill. Dessa maneira, pensemos juntos: “Sois dos que
agem, ou dos que falam?”
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