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Mostrando postagens de agosto, 2020

Pelas Veredas da Fantasia: Um Breve Panorama da Antiguidade ao Século XIX.

  Já dizia Carl Sagan na famosa série Cosmos que “para achar a verdade, precisamos tanto de imaginação, quanto de ceticismo.” Essa percepção de dúvida e contemplação pode ter sido a primeira forma de abstração que os seres humanos adquiriram no Paleolítico Superior (50.000 a 10.000 a.C.) e que possibilitou que crenças em planos e seres transcendentais tenham criado um imaginário sobrenatural entre os humanos. As famosas perguntas “De onde venho?”, “Para onde vamos?”, “O que é o céu?”, “O que é a Terra?”, “O que é a vida?” se tornaram não apenas exercícios mentais na contemplação existencial do indivíduo em si, mas também construiu redes de socialização e poder.   Na obra O horror sobrenatural na literatura (1927) , H. P. Lovecraft cria uma linha cronológica da literatura fantástica. Para o autor, a ideia do fantástico está interligada à literatura desde que o homem adquiriu a habilidade de construir redes de sociabilidade e comunicar-se, seja por gestos, palavras ou grunhido...

Conto distópico "Sem Rosto"

(Sob o véu, 2020, fotografia de Thalya Amancio). Sem Rosto Thalya Amancio Eu não tenho rosto ou eles? Enquanto encaminho mais um atestado de óbito, minhas crises se esvaem e o único eco é vazio da certeza de escrever, caracterizar, arquivar. Desumanizar. O eco do trabalho mecânico. Eu não me deixo ir por muito tempo por mares revoltos de mim. Há boatos de que essa viagem não tem passagem de volta. E talvez eu não possua coragem para me aventurar, como fez Ismael. A caça a baleias pode ser adiada, mas não sei por quanto tempo. Eu nem deveria saber ou pensar sobre isso. É intermitentemente proibido. Contudo, eu faço. Sinto culpa? Tempo… É sempre ele a ditar minha vida. Talvez eu sempre tenha me preocupado com o tempo, mas agora parece que estou sendo esmagada por seu peso, um barulho de ossos se quebrando, estilhaçando, como vidro? O tempo… Uma unha quebra, mal a olho. O sangue começa a escorrer e é como se finalmente recobrasse. O barulho do trabalho mecânico não me prende, eu v...